Design e o estreitamento das relações sociais: Análise e Reflexões
- mboona
- 4 de jan. de 2022
- 10 min de leitura
Atualizado: 10 de jan. de 2022
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Por Mbona PauloO artigo levanta questões e discussões sobre as responsabilidades das áreas como: Design e Sociedade.

Nos últimos anos um tema muito discutido na comunidade do Design é a sua capacidade de promover melhoria social, uma sociedade mais justa. Neles não se encontra só o desejo de contribuir para a resolução das questões sociais e para o estabelecimento de uma sociedade mais sustentável, economicamente e socialmente, mas também a ideia de que a estratégia de Design e experiências criativas, participativas e colaborativas têm grandes potencialidades de promover e colaborar neste processo.
Trata-se, portanto, de Design com a Sociedade e não de Design para a Sociedade. No entanto, como será possível ver nas próximas páginas, a discussão não é nova: ela, de fato, encontrou espaço no debate interno à disciplina desde os anos 70, como visto na pesquisa de Clive Dilnot, que trata sobre ‘Design as a socially significant activity'. An introduction (Tradução literal: Design como uma atividade socialmente significativa. Uma introdução).
Para que seja possível compreender as razões pelas quais se acredita que o uso da estratégia de Design, a colaboração com parceiros locais e o envolvimento direto e ativo do usuário no seu processo podem permitir ao designer contribuir na esfera social de um modo mais significativo, “...design deve ser pensado como uma 'atividade socialmente significativa' em alguns sentidos derivam negativamente do problema do entendimento atual da sociedade de design” (DILNOT, 1982).
“O Design Contemporâneo vai além das novas características da forma, das materialidades e imaterialidades e do desenvolvimento de novos métodos que levam as características pluri e multifuncionais. Há um aspecto crescente que ocorre por meio da aplicação de novas propostas e a busca de soluções que podem ser encontradas, exploradas ou amplificadas no âmbito do universo do sensível” (Moura, 2017, p.204).
A investigação de modalidades de ação desenvolvidas localmente acabou sendo crucial na definição da abordagem do designer em sua atuação no tipo de contexto identificado. Os reflexos são inevitáveis no modo de vida da população, o que acarreta mudanças radicais no comportamento e no cotidiano das pessoas. Para Dilnot (1982), esta relação básica forma o contexto no qual essas outras séries de relações operam; a priori essa relação em sentido amplo determina a forma que estas sub-relações assumem (mesmo que às vezes se goste de agir e pensar como se estes tivessem uma realidade independente). Crucialmente também, esta relação primária do Design e da Sociedade, determina o significado que se dá a relações dentro dessas áreas: o design é, afinal de contas, uma atividade realizada com fins sociais. Por meio desse cenário, procurou-se averiguar se essas transformações causaram também mudanças no modo de morar e, consequentemente, na configuração das relações entre as pessoas e os objetos.
Diante de tantos fatores e reflexões que estão além das capacidades de uma única área de conhecimento, pretende-se tentar responder a uma pergunta dentro de um recorte específico; qual realmente é o papel do Design e da Sociedade perante aos problemas atuais e as dúvidas das suas responsabilidades, com o objetivo de compreender as perspectivas de um futuro a longo prazo.
Design e Sociedade: Um pensamento para mudanças e inovações sociais
O papel do Design é justamente modificar de maneira direta o pensar da sociedade em relação às inovações dos objetos e das relações. “...as inovações sociais referem-se tanto a processos sociais de inovação, como a inovações de interesse social, como também ao empreendedorismo de interesse social como suporte de ação inovadora.” (MANZINI, 2008). A análise formal, estrutural e funcional, do Design em sua evolução histórica, assinala as mudanças de estruturas sociais ligadas à evolução técnica e tecnológica, mas não diz como o processo das invenções da área do Design são vividos, a quais necessidades além das funcionais atendem, que estruturas mentais se misturam as funcionais, e as contradizem, qual o sistema cultural ou transcultural lhe fundamenta a continuidade vivida.
Mas como, exatamente, "design" se relaciona com a "sociedade" nos tempos atuais tempo? Para Manzini (2008), na área do Design, o termo inovação social refere-se a mudanças no modo como os indivíduos ou comunidades agem para resolver seus problemas ou criar novas oportunidades. Tais inovações são guiadas mais por mudanças de comportamento do que por mudanças ou de mercado, geralmente emergindo através de processos.
O italiano Ezio Manzini, um dos mestres contemporâneos da área, em seu livro Design: Quando Todos Fazem Design, alerta para a ascensão de duas práticas:
A que ele denomina como o design difuso, que será praticado por “não especialistas”, ou seja, aqueles que com uma pequena instrução terão capacidades técnicas para criação;
Os designs especializados, que representam indivíduos com formação técnica para atuar profissionalmente como designers.
Mas o Dilnot (1982, p.140), aponta que aqueles que acreditam que o design é uma disciplina, têm um importante tarefa a cumprir antes da aceitação esperada na academia e na sociedade, sobre as mudanças e inovações sociais fortalecidas pelas que envolvem o Design como instrumento de transformação social e tecnológica, além de definir o fenômeno sobre o qual a disciplina de design é corneada.
Essa necessidade, pode ser interpretada como nada menos, serve como um parâmetro contra o qual medir a maneira como se usa indiscriminadamente o design de termos, como afirma Gomez:
O Design não é “socialmente neutro”, mas é uma atividade que influencia e é influenciada pelo equilíbrio dos interesses entre os vários grupos sociais que participam do processo de design (em particular, produtor, usuário e designer). O Design não é uma atividade que se confronta apenas com objetos ou sistemas abstratos, mas em primeiro lugar é uma ferramenta de interação social. (GOMEZ, p. 39, tradução nossa).
Considere, por exemplo, a maneira como usa-se o termo em um contexto de discussões usuais de 'design e sociedade'. Manzini (2015, p. 1), nos apresenta a necessidade de repensar o papel do designer. O autor destaca que os designers especializados, são os responsáveis pelas mudanças comportamentais na sociedade envolvendo diretamente os processos e os conceitos do Design. Para Manzini, os designers podem surgir como experts em design, que graças à habilidade com ferramentas e métodos projetuais, podem ajudar não designers a orientar suas iniciativas (MANZINI, 2015, p. 1).
Design pode ser entendido como projeto. Projeto equivale a sonho, que por sua vez é igual a desejo. Projeta-se a casa, uma viagem, o relacionamento ideal... Colocado desta maneira, é claro que o projeto enquanto ideário sempre existiu, mas é importante ressaltar a relação desejo/ aspiração/ possibilidade que se estabelece a partir da mecanização, com a Revolução Industrial. Hoje em dia tudo tem “design”. A questão que se coloca é: qual design? De boa ou má qualidade? Qual o impacto do design na sociedade industrial? Como trabalhar com as necessidades e escolhas culturais, assim como com a tradição frente a novas sensibilidades? (LANDIM, 2010, p.05).
Quando se emprega a palavra aqui, parece que se refere também à relação da profissão de design e / ou design-trabalho dos profissionais para a sociedade (design e sociedade como trabalho de design em sociedade, design como melhoria ou adição à sociedade) ou a relação dos produtos projetados com a sociedade (objetos projetados tão bons para a sociedade - economicamente, tecnicamente, etc.).
No nível de sistema e de comunidade, no entanto, torna-se cada vez mais difícil e duvidoso recorrer apenas ao hardware para resolver o problema. Em um processo de Design estendido para as comunidades e para os sistemas, os participantes devem enfrentar simultaneamente questões tecnológicas e sociais, tanto de hardware quanto de software. No nível do sistema maior, mudanças estruturais ao invés de incrementais são muitas vezes viáveis e desejáveis. (CROSS, 1975 p. 75,).
Assim, neste mundo, no qual a constante transformação faz com que todos e qualquer pessoa faça o design e o redesign de sua existência, onde as tecnologias de informação e comunicação possibilitam redes distribuídas interconectadas, qual seria o novo papel dos designers? E como deve ser o redesign deste novo papel dos designers?
Artesanato como signo vivo do Design Tradicional nas Sociedades Artesanato.
Segundo Pizarro (2019), o design enquanto processo se caracteriza por ser uma atividade interdisciplinar que envolve diferentes áreas e, com elas, diversos profissionais quanto a execução dos mais variados projetos. Isso Inclui o processo artesanal, e as comunidades como provedoras das suas próprias atividades criativas no relacionar com o outro, são também parte mediadoras do design, para Norman (2018) “o design começou como um ofício, ele se concentrou principalmente na criação de objetos bonitos para se tornar uma força poderosa na indústria.”
Hoje, o design foi muito além de suas origens simples no artesanato, ele agora está desenvolvendo novas e poderosas maneiras das pessoas interagirem com o mundo.
Esses autores enfatizam a experiência e não a tecnologia, assim como é visto, o artesanato no meio infantil, o ato de brincar, para criança a finalidade da brincadeira é brincar, conservar essa inocência é promover a imaginação, isso é importante para manter uma vida saudável das crianças. Manzini (2015, P. 1) “afirma que os designers podem surgir como experts em design, que graças a habilidade com ferramentas e métodos projetuais, podem ajudar não designers a orientar suas iniciativas”.
Para Osório, Landim, Barata (2018), dada a necessidade de abrir novas possibilidades de inovação no mundo contemporâneo, o Design tem tido cada vez mais interesse em estabelecer diálogos significativos em diferentes cenários, superar preconceitos, se estabelecer cada vez mais como uma disciplina de síntese, estabelecendo sinergias que ajudem a solucionar diferentes problemas em diversos contextos.
A produção artesanal e industrial de objetos pode de maneira direta apresentar grande diferença no seu processo construtivo, de um lado encontra-se um aspecto voltado às emoções que são parte inerente da natureza humana, presente em todos os momentos de nossas vidas, nas relações sociais, na percepção sobre o mundo a nossa volta, mas do outro lado o que se encontra é mais um aspecto de interesse econômico sobre demanda e inovação na produção material de objetos do cotidiano.
A falta de um produto nas gôndolas dos mercados que supra necessidades muito específicas também é uma situação que leva à prática do design vernácular e objetos de design artesanato. Boa parte dessas novas soluções surgem do reaproveitamento de produtos industriais, que acabam por configurar um novo artefato, inusitado e invisível aos olhos da indústria tradicional, não habituada a produzir mercadorias individuais ou personalizadas (CACCERE, JOÃO; FABRIS, YASMIN. 2013, p.32).
As crianças não constituem nenhuma comunidade isolada, mas antes fazem parte do povo e da classe a que pertencem. Da mesma forma, os seus brinquedos não dão testemunho de uma vida autônoma e segregada, mas são um mudo diálogo de sinais entre a criança e o povo (Benjamin, 2002, p. 94).
O Design enquanto processo se caracteriza por ser uma atividade interdisciplinar que envolve diferentes áreas e, com elas, diversos profissionais participando nos processos e execução dos mais variados projetos. O que está em jogo quando se cria e produz objetos?
Design social
O design como categoria própria e autônoma, nasceu com o firme propósito de ordenar a bagunça do mundo industrial, já que se encontra na intersecção entre indústria, tecnologia e cultura (CARDOSO, 2013; DENNIS, 2000). Segundo Lobach (p. 16, 2001), o design é a “concretização de uma ideia em forma de projeto ou modelo que tem como finalidade a resolução de problemas que resultam das necessidades humanas”.
O design entendido como estratégia educativa tendo um modo de pensar/raciocinar, uma cognição voltada à concepção e prototipagem de novos objetos e/ou sistemas pode favorecer sua inserção dentro de um tipo especial de aprendizagem ativa com a finalidade de preparar os estudantes para os desafios da vida adulta contemporânea e ativar a imaginação com um propósito específico (MARTINS; COUTO, 2016).
Considerando-se que o papel do design, além da inovação, envolve planejamento, seleção de modos de pensamentos e valores, entende-se que o designer hoje é o principal responsável pelas relações que se estabelecem entre os objetos/ artefatos, as tecnologias e as pessoas, bem como pelas suas interferências no comportamento natural da sociedade. Isso por si só levanta uma série de questões que não podem entrar aqui. Em relação direta com o problema de compreensão da sociedade de design, e para nossos problemas subjacentes questão de definir fenômenos de design.
Como Gerald Nadler insiste, com razão, se deve definir “o fenômeno sobre o qual a disciplina está em causa (Dilnot ,1982), a assimilação da atividade de design para os modelos, primeiro de design como arte, segundo para projetar como ciência / projetar como atividade técnica, tendências desenvolvidas dentro do design para criar um conceito / linguagem categórica e atitudes mentais, que divorciam DESIGN - ou tende a fazê-lo - a partir do seu contexto socioeconômico, Dilnot (1982, p.140).
Nada ilustra isso melhor do que a falta de tentativas de modelar o design como uma atividade socioeconômica. Esta observação falta, e é quando se reflete que o design só pode ser uma atividade social, quando chama a atenção para o fundo, determinação socioeconômica de como se entende a atividade de design como uma atividade técnica (seja como uma arte ou ciência), ou seja, aquele realizado em objetos, em vez de no mundo. A história desta determinação continua a ser escrita. De sua eficácia, não pode haver dúvida.
Design e a Acessibilidade Tecnológica: Mudança socialmente significativa
“O Design e as Tecnologias Digitais da informação e da comunicação trouxeram novas maneiras de ver e apreender o mundo, assim como transformaram as formas de se construir o conhecimento e de se ensinar e aprender” (SERAFIM,2020).
A acessibilidade digital, hoje se dá pelo cruzamento de tecnologias e das informações que possibilitam a todas as classes sociais um acesso significativo e igualitário e a relação de indivíduos de diferentes culturas por meio das tecnologias, o que corrobora também para a visualização da hibridação da Educação e do Design no Brasil.
Neste contexto, a acessibilidade digital tem a ver com a chamada revolução tecnológica, informação acessível, modelando novos espaços e tempos, e estruturando novos conceitos culturais e sociais, que têm condicionado uma dimensão humana. A educação pós pandemia irá passar pelo “estranhamento” entre o presencial e o EAD.
Há de se considerar que a volta será gradual, havendo a necessidade da continuação do emprego da pesquisa sobre design e tecnologias na educação e na sociedade. Mas o grande desafio será colocar a educação em contato com a cultura local e global privilegiando o saber “local” (BARCELOS, 2013).
Considerações Finais
As reflexões sobre o futuro, dentro do design e suas infinitas possibilidades de multidiversidade de conhecimento e compartilhamento de responsabilidades, os problemas enfrentados por todos, e em especial, dentro do próprio curso de design das universidades públicas no Brasil e no mundo, abrem uma porta para aprofundamento de pesquisa, onde o foco deve ser sempre o humano e as suas relações com o meio e as ferramentas/ produtos, aproveitando-se das possibilidades e ferramentas tecnológicas recém experimentadas.
O novo sempre provoca um temor, pois carrega consigo o desconhecido, o imprevisível, mas também abre portas para novas oportunidades e processos inovadores até então, pouco explorados ou percebidos. Os Designers e a Sociedade devem se expandir para outras áreas para provocar o início de uma revolução educacional das relações das áreas com proporções além do cenário acadêmico e profissional.
A abrangência a ser alcançada deverá ser humano-igualitária-social. Talvez assim, se utilize o fenômeno transformador da inovação social como um motivador para construir a sociedade tão sonhada que é com base na proteção das culturas e dos costumes dos indivíduos e das comunidades.

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